Hormônios…

Autor: Linóleo Cavalhesco

Na adolescência, durante os momentos de masturbação, no banheiro, eu costumava me perguntar: “se eu esporrar na beirada do vaso, mesmo que eu limpe, posso engravidar uma desavisada que venha a usá-lo?”

A questão me trazia pânico. Só de pensar em ter filhos antes da hora planejada, com uma qualquer, ou mesmo com a minha mãe ou irmãs (endogamia?!), já era suficiente para uma espécie de impotência precoce. Por isso, naturalmente, eu preferia o boxe, porque sabia que aquela gosma iria para o ralo e, no máximo, se misturaria com os cabelos que freqüentemente entupiam o encanamento.

Se você está pensando que isso é nojento, já deve ter se esquecido das merdas que comeu quando criança. Insetos, pequenos objetos e mesmo dejetos (como você pode ver, tudo rima) de toda espécie podem ter feito parte da sua nutritiva dieta nos tempos áureos em que sua preocupação não era mais do que satisfazer às necessidades fisiológicas.

Hoje, minhas dúvidas em relação ao sexo e às mulheres são bem diferentes daquela primeira, inocente, quase pura. É mais complicado saber por que os homens têm tanta neura em falhar na cama e porque algumas mulheres insistem em querer, ao mesmo tempo, a “singeleza” do relacionamento romântico e a “rustiquez” do sexo animal.

Deve ser algo em torno da tal natureza humana. Certa vez, estive com uma mulher que, sei lá por que diabos, gostava que se colocasse o dedo no ouvido dela durante a transa. Vai entender. Cada um com a sua esquisitice.

O pior é que ela gostava também de sentir a boca do parceiro no calcanhar. Agora você imagine a posição insólita (nem o Kama Sutra explica) de transar com o dedo na orelha e a boca no calcanhar da distinta.

Quase tive uma crise aguda de lumbago, me contorcendo para dar prazer àquela criatura estranha. Bonita, mas estranha. Acho que é por isso que dizem que ninguém sabe o que acontece entre quatro paredes. Talvez, se os espelhos dos motéis fossem capazes de se pronunciar a respeito, nem teriam muito o que dizer, já que a esquisitice deve ser rotina para esses reflexivos “observadores”.

Coisa interessante a dizer nesse quesito é a existência do sex shop. Você já teve a oportunidade de entrar em um? Se não, garanto que vale a pena, no mínimo, para rir bastante. Tem umas lingeries, uns objetos, uns “compostos químicos” que fariam qualquer denominação de “bizarro” parecer normal.

O tal do “sexo com amor”, por exemplo. Só não é mais piegas do que música sertaneja depois do primeiro chifre. Às vezes, eu tenho a impressão de que as pessoas buscam o impossível. Tornar mais prazeroso o que já é um ápice por definição.

Como naquele momento em que você já está tranqüilo, no seu período de “latência”, ela começa a passar a mão nos seus cabelos e te olhar daquele jeito lânguido, quase ridículo. Uma vez, quase a mandei à merda, dizendo que queria dormir, mas, contendo a grosseria que já me denuncia a personalidade, simplesmente me virei para o outro lado e resmunguei um grunhido qualquer…

Marcos Arthur Escrito por:

Inquieto. Curioso. Companheiro da Marina e pai do Otto. Ultramaratonista. Facilitador de aprendizagem. Sócio-fundador na 42formas. Escritor amador. Eterno aprendiz.

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